sábado, 8 de dezembro de 2012

Hora de acordar

hoje dormi de janela aberta,
vi tudo:
as estrelas, o mar, o teto,
vivi tu
o céu, estradas, árvores,
vivida
os cães, as luzes, melodias,
viajei
o mundo, você, os grilos
vi, ouvi e depois dormi.
só não sabia a hora de parar
calculei meu sono
e não vislumbrei,
já não sei se fecho
os olhos,
a janela,
ou se faço planos.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

mês mais manso

quando mês começa mal
logo pergunto: será que
mês passado fui má contigo?
e no fim do outro, digo:
mês! mais manso! - estável -
e na evolução do calendário,
parece que já li deste artigo.
logo pergunto: será
que mês começa?
e em qualquer momento
paro de invocar.
quando o jornal esquenta
volto a arder com ele,
as horas, os as,
até que cada artigo definido
não volte a escolher.
pare de buscar um sujeito.

quebra

sempre nós,
desatados
e,
a sós

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

sem porquê

quando a palavra falta,
desconcentração
quando a palavra fere,
consideração
quando a palavra muda,
desconstrução
quando o onde é a hora
quando o por que é agora
quando o como vai embora
e volta miúdo 
mas entra sem deixar rastros
num cômodo oco da restauração.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

de onde tirou essa ideia?

não tiro ideias
enquanto o tiro que vaza o corpo
não ultrapassa e se atira em mim
com a mesma frequência 
e se alimenta do vazio,
até dizer: aceito.
e a combustão foi sê espontânea.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

sábado, 11 de agosto de 2012

infância, invenção

E eu que decorava o nome,
sobrenome, cada hiato, 
de A à Z de minha família.
Em minha infância valiam preços
gastos por toda uma vida, contemplação
de comportamentos, espelhação
de moral, era tudo invenção,
oníricas idealizações
mentais de uma massa
que cresce, torna forma,
saudades de errar na Amarelinha,
brigar com a vizinha, era
tão sem culpa, sem maldade
quero a vida de volta,
encontrar a resposta
que me faça
encontrar a paz.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

goodbye

viva lá, não sei onde, posiciono;
viva cá, não, sei te encontrar;
bate à porta, não te sinto;
vai embora, viro cega;
vai, embora viro cega.

visão de mundo

dita pedra não lascada no conjunto da inercia não ultrapasso movimentos, fico quieta e sou julgada, sou ponto e não dois, me faço sem dom de repetição, sou anacoreta por minúcias, sou despedaçada num enlevado grau de organização que minha pose engana, sou uma mixórdia mal batida que mesmo de vidraça limpa é indumentada, lacrada e oprimida, mas de todo sou que me resta ser, de que ser seja viver é que ao invés de tentar resumir a terra orbe e decifrá-la cuidadosamente, sou uma criança e digo que o planeta é apenas um grande círculo jorrado de cores.

terça-feira, 12 de junho de 2012

repulsa

como se todo amor que existe fugisse
como se todo tivesse direito de escolha a moradia
como se em cada pessoa deixasse e em mim só a falta restasse
como se fosse partilhado e fraturado e o vento levasse cada de
seu conteúdo, de um a um até uniformizar a estabilidade dos papéis
como se a casa que vivenda fosse de pura lama imbuído de passagens
que causam involuntária pressão
como se o amor habitável reciclou-se após a troca
de palavras e repressões.

sábado, 2 de junho de 2012

abc aprisionado

na mente as palavras alinhadas, consertadas, quando as destranco e a chave
retiro, elas pairam e não querem sair de lá, quando as liberto conformam-se em ficar,
como um trem letreiro a navegar no labirinto cerebral preso nas bolhas de seu ar reprimido que respira e exprime transparências de mal entendidos. pulmão evacuado com tosse de antiguidades e destroços que o mundo impediu livrar, nuvens de lembranças e restrições que agora há de gritar, o abecedário de poliglotas para quebrar a colisão das contravoltas de todo o impedimento, é o que vejo pairar nas linhas frenológicas de ser, humano.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

1.72

somos os últimos, únicos perdidos
estamos na construção
somos cada tijolo medido improvisado
estamos sem tamanho
rochas pedregulhos asfalto sem chão
somos medidos por confusão
alturas, elevação, escada, cal
cada chão é de uma camada
somos o pedaço da estrada
não entendo a satisfação
do nome, da mão do metro da palma
visando a desconstrução
do grito do espírito
não titulado
sem numeração.

domingo, 13 de maio de 2012

haver

o que acrescenta, alivia
- cansa, pede paz.
o que diminui, esvazia
- exalta, ganha chão.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

traço

olho pra sombra que
a luz frita nas formas e
deixa tudo mais alinhado
criando nus junções de
um lugar limpo atravessado
de cores e tons,
contornando pincel
natural de água que
suja e retrata a
verdadeira paisagem,
algo têm de flutuar
entre o céu e o mar.

noar

medo de pensar
quando o medo já não,
volvo o horizonte
como se tivesse fim,
será que dá?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

sábado, 21 de abril de 2012

wagon


like a little wagon,
mystery
peoples keeps the floor,
like a empty balloon
peoples fills your hearts
like a black birds
people try grow the flight
wanderlust blue, 
people thinking in blue,
trying take the sky but
the clouds don't let 
stop all the your moviment,
creatures never sleeps,
and they should never believe that yes
because your thinking lets you lives,
sleepless, just drawing your dreams
and make your nights lights shine always.

domingo, 8 de abril de 2012

wakeup

                           com
           deparo      /\              o    
                            |               relógio
   sabe                  |  
                            |                     a
Quem                  .      
                             \                 despertar,
  acordam?               \  
                                   \       enquanto
              me                as
                       horas

sexta-feira, 6 de abril de 2012

pontos

a vontade da ponta da faca
o soco no sal dos olhos
que cai ao lembrar do
sentimento que um dia
houve entrar e que
agora ousa perder
a linha e ainda
há esperas de poder
encontrar o fio
mesmo que desfiado -
e - que caiba no furo
da agulha e contorne
todos as pontas esgarçadas
até construir o que já
foi remendado.

domingo, 1 de abril de 2012

farsa

não mentiremos
querendo dizer a verdade,
revelaremos a própria
verdade com a melhor enganação,
não corra de você,
minta mas não se esconda.

fotografia

retrato

fiel

de

lembranças

concretas

da

saudade

abstrata.

inclinar


há vezes que sou uma aversão a mim, travessada, retorcida de fora para dentro, espremida com minha própria pele, há vezes sou dentro mas fora, giro comigo um salto de fora pra dentro nada que solte como fogos, sou o acolher, o contra, tornada contra mim, livre inteiramente por dentro.

quinta-feira, 22 de março de 2012

engano

parece
que 
uma
luz,
não
toda
acesa,
mas
brilha,
fecho
os olhos,
continuo 
vendo,
abro
os
olhos
e a
luz 
se 
fecha,
vejo
tudo
menos
a
luz.

sábado, 17 de março de 2012

esconderijo

a linha entre o amor e ódio
é tão tênue quanto a
 inocência e
a maldade,
maniqueísmo feito areia
 movediça
suga toda a positividade
e negatividade,
bem ou mal,
não deixa de abocanhar,
egoísta,
sente necessidade de
enfatizar a violenta
posse do esconder.

ódio tênue amor

alimento o ódio
quando queres ser áspero 
quanto cimento seco,
retocando sua forma pra
sangrar a outra,
estimo o amor
quando és macio
quanto as nuvens e, 
que fazes implorar
para que te respire
inteiramente.

sexta-feira, 16 de março de 2012

inquietos

ouve quanto fala?
ouve enquanto escuta?
ouve quando fala?
fala quando ouve?
fala enquanto escuta?
fale o tamanho do coração,
e ouça a altura.

quinta-feira, 15 de março de 2012

do beijo

falta do beijo -
o recebido -
e não ocorrido
o desesperado
e o desejado
o idealizado
e o fantasiado.

sábado, 3 de março de 2012

inteiro mito

o sentido exerce tanta força
que é difícil escondê-lá,
mas tive dispersando com
algumas palavras jogadas
nas linhas, como se
algo ainda falta
como tudo o que existe
ou penso existir,
está incompleto
tudo na estrada
com as rodas no
asfalto, sem chegada
o destino parece distante,
então disfarço,
cortando espaços
pra conseguir chegar
mais rápido e ver
o que o fim me espera
que de tanto
esperar
acabo me jogando
aos próprios
anseios do tempo,
afinal o tudo
é o tempo,
pois tudo em
vida de identidades
passa por lembranças,
ninguém a ultrapassa
apenas esbarra em sua
fina borda,
pra tentar se livrar de
afogamentos momentâneos.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

destino a portinhola

Não tenho entrada
nem saída
mas não sou o caminho,
talvez o lugar,
então por que te deixei entrar?
Agora estou perdida,
procurando a minha saída
da porta que nem
de longe consigo tocar,
talvez só não
queira enxergar
que tens que voltar
para o teu lugar.

menina rima

Tudo é rima,
que mentira!
A rima consiste em se
afirmar e enlaçar
com os versos
aqui e também
lá, a rima é preocupada
com sua vizinha
que de tanto se
empenhar
ri ou chora
na estrofe outrora
mas não se
esquece de conectar.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

mudancinhas

os papos mudam nos papéis,
os pensamentos voam da mente,
os pássaros fogem dos ventos,
os passos trocam de ruas,
as vidas  de casa,
as casas são preenchidas de outros,
os outros ocupam algum espaço,
o histórico muda quando o personagem
decide viajar,
o sorriso permanece
pros que fazem dele,
felicidade.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

substantivo+verbo

o
                   resto
sobra
                   quando
sobra
                       o
resto.

o
                 substantivo
torna-se
                    verbo
quando
                  verbo
quer
                  ser

                nome.

verbo+substantivo

conheça o dia
pra entender as horas
olhe para o céu
pra perceber as nuvens
respire tranquilo
pra sentir os aromas
caminhe lentamente
pra captar os movimentos
tenha hábitos
pra criar manias
experimente gostos
pra degustar vivencias
vivencie gostos
pra degustar experiências
imagine a vida
pra ter sabedoria
cante o mundo
pra ter conhecimento.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

erruman

o mais cômico do ser inconstante é que a
 inconstância é tão vasta que o próprio ser.
Isso o incapacita de perceber as injustiças 
que comete, costura um erro 
rasga outro pensando que acerta,
vive certo de que está inclinado a errar,
apagando ou tapando os
olhos a ver a realidade, quem vê
 por fora enxerga. 
Sabe se lá o ser que está com a razão é o 
errado, e o ser que pensa estar certo só está sem
a razão. Vai ver tudo é errado, os começos
 levam a fins incertos.
Vai ver é toda uma interpretação 
errônea levada a
sério como se fosse o sério o certo, não.
Se fosse, seria toda uma peça de comédia
 inédita com um trágico fim. 
Sim, sim.
As setas apontam pro lado certo mas pode ser o errado,
o ponteiro pode causar alarme na hora certa que
também hora errada. Os erros, em si, involuntários
ou não, se alimentam do ser.
O erro come o ser, o faz tornar inferior, menos, o que
é, o real, porque é tudo cheio de erro.
Todos deviam enxergar o próprio.
Cada um tem o erro que merece, e
nenhum o deixa só. 
-ser humano.
-Erro humano.
-erro.
-Humano.
-errumano.

sem-tido

por
quê
dar
sentido
 ao
 chão,
 se
 o
 topo
 não
é
 sentido?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

fuga, se

Imagine, se o mundo vazio,
tolerável.
Imagine-se incrivelmente contemplado por nada.
O ódio causa o mundo.
Vidas causam o ódio.
Não resolve fugir, por onde há
audição, olfato, visão..
Fugindo encontra-se
do que escapas sem procurar.
Ausentar-se não significa anular-se.
Fugir é encontrar.
O berço dos mal achados, o leito dos
descontentes, recanto de
longas vidas,
não lhe torna ausente.
Amantes do protesto silencioso, a
procura do óbvio aroma plantio a
céu aberto, correm do mau-cheiro,
debatem com o odor.
Acham cheiros agradáveis, veem ventos
perfumados, toleram-se do próprio
cheiro, sem forma, sem cor, com
rancor e findável.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

zero

somos zero,

valemos o preço se acrescentados somos outros números,

de nada valemos, somos vazios 

e formamos uma volta tão completa que se encontra,

o tamanho de nada vale, nem a forma

ninguém sabe, de tão vazio se torna cheio 

de tantos números,

 somos zero.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

outro chão

o problema é mudar-se de calçada
se mudasse não substituiria,
deslocar para outros quarteirões
se ajuda a apagar lembranças não
tão vividas ou atrapalhar as não passadas?
outras quadras,
onde o chão não é tão áspero
mas a rua é tão oblíqua que as levam
ao mesmo ponto de encontro.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

fumaçinha

Até a nuvem vira avião quando paira no céu, 
a nuvem é sortuda,
até cão vira nuvem e aprende a levitar, 
quando o pássaro vira nuvem
não voa, mas quando nuvem vira pássaro começa a caminhar.
A nuvem vira tudo, só não sabe se virar. 
Tá toda hora em todo lugar,
sem saber onde permanecer, respira sua própria fumaça ora 
branca ora preta e volta a passear. 
Mas tadinha da nuvenzinha, que vem de tanto lugar,
 que se torna poluição ao oxigênio sem pensar.

pertubação

As pessoas silenciosas, trazem o barulho dentro de si. Mas não o barulho desagradável, um barulho de melodia nova, som da chuva, que ora é fraca ora tempestade.
Pessoas que preferem  não dizer, traduz olhares, orienta o próprio tom de expressão, caminha por dentro.
Não se vê dificuldades, os olhares alheios que os alimentam ocupando os julgamentos altos e baixos, detalhes sempre significam dificuldades. E as dificuldades, todos sabem..

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

face


vejo
 tantos 
sofrendo
 pelo 
corriqueiro 
que
 inunda
 as
 artérias
 esvazia 
mente
 e
 é
 indeciso, 
enquanto 
tergiverso
 o 
ensejo.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

serialkiller

Tem gente que mata, não morte diretamente feita e sim uma matança interior.
Começa cegando os olhos, até chegar ao coração, fazê-lo bater em si próprio muito fortemente,
até mandar um fax para o cérebro e matar seu tempo de virtudes com a razão para corroer o espaço com pensamentos do assassino. Depois desses falecimentos, matam ainda as forças das pernas, matam a fome do estômago com a comida e matam os calcanhares, matam as línguas com bactérias e matam os ouvidos com falácias. Assim, quando o matador vê que a vítima já não vive com seu brilho próprio de saúde, com uma pequena ação suprema, o abandona para morrer sozinha com a dor da solidão.
"Eu já matei e fui morta, e você?"

coisasfindáveis

Nós estamos propícios sempre a confundir a nós mesmos, sendo
culpados, causando a culpa.
Principalmente relacionadas a sentimentos, 
palpitação acelerada
remete a um grande problema,
quando há essa sensação estranha,
pode esperar que algo maior virá,
no começo às vezes é bom, mas
todo fim é trágico(até de coisas boas, até porque ninguém-
adivinha o que traz o amanhã) para os confundidos
"amorados" e os que tem dúvida entre dois amores, então?
um velho e um novo, só
saberá lidar se colocar os dois lado
a lado e sentir qual vai pesar menos valer mais,
o que conta será a felicidade,
pois defeitos todos têm. 

sábado, 21 de janeiro de 2012

~

Não tenho um psicologo, ou um
ouvinte especialista, mas tenho
algo que me alivia e conforta,
eu mesma escrevendo com meus
pensamentos e dividindo isso com papéis ou
notas sem sentidos que
não tem tantas perguntas a fazer,
nem um propósito com respostas dialéticas
ou histórias pessoais.
Sou meus pensamentos, sempre
viva, vive esquecendo e pensando no que agora
já se tornou lembrança.



domingo, 15 de janeiro de 2012

menosprezar




amor não merece as pessoas que o sentem, quiçá as farfalhadas absurdas que o cercam;
amor, deveria não se chamar amor, quem sabe um nome complexo que não generalize explosões salivares,
que se afaste com pouco mais pudor;
amor poderia não ser dor se as pessoas não os machucasse,
então seria um espelho, o amor, quando visto enxergar, se a impressão de um semblante que não o desate de sua essencial e prende-se vil;
cogitar amor, um verbo pelo que se entende, é como imaginar entender-se na orbe, como interrogar o próprio ideal que não está classificado cá nem lá, como levitar sem tirar a superioridade do calcâneo do chão, como, como não ter concretizes, como explicar a revolução, que tal motivo acabe a causando;
amor.guerra.terceira.causa.doença.razão;
terceira guerra causa doença razão, amor.
amor causa guerra, razão terceira doença.
doença guerra causa razão, certeira doença.
amor, amor conhecido pelo substantivo verbalístico,
não quanto sentir a verdade,
nem tanto saber o significado.
amor.omar.maor.maro,
qualquer ordem, fora, letras, costumes, pessoas, as terríveis que situam-se
apenas no que vejam, aproveitam da forma egoísta infiel talvez
possível e única, covarde, o jeito leviano de perceber as ideias que
ostentando os tem.
Laura, Rebeca, Virgínia.
aberto a imaginações, amor igual pessoas que tem nomes e incompreensíveis.
fim

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

domingo, 8 de janeiro de 2012

"Tudo que há vida morre, os sentimentos morrem"

Seus pensamentos são mais que tuas lembranças,
suas lembranças são museus, então
não torne teu museu uma estante
de destroços perdidos e esquecidos
sem o direito de preservá-lo.
Recuse pedidos de destruição de mentes
vivas mal feitas.